Coleção 5 . Setembro 2021

Camila Alba & Danilo Zamboni

Ensaios de Setembro, 2021
Movimentos Telúricos. Camila Alba
A Caminho do Mar . Danilo Zamboni

Camila Alba

Movimentos Telúricos. Camila Alba

Penso que a primeira vez que me dei conta da possibilidade de mirar a câmera para além dos registros familiares foi justamente na Serra do Rio do Rastro, lugar onde algumas das imagens que compõem este ensaio foram feitas. Anos mais tarde, em 2016, viajei ao sul da Argentina e em três dias pela Patagônia fiz mais de mil fotos, todas perdidas. Lembro da emoção que senti ao imergir em uma paisagem feita toda da mesma materialidade: um mundo inteiro feito de gelo. A partir de então, dediquei-me a investigar texturas, geografias e materiais. O ensaio “Movimentos Telúricos” é fruto desse processo. Diz-se telúrico o que é relativo à terra ou ao solo. Sempre ouvi em telúrico, porém, um tilintar que me remete a água. Descobri então que chamam-se telúricos os movimentos internos da Terra, aqueles que originam terremotos e tsunamis - as ondas altas que invadem continentes, arrastando tudo o que encontram diante delas. Movimentos telúricos também balançam o mar. O título me apareceu em visita à Chapada Diamantina, em princípios de 2019. Havia um pouco disso tudo nas estalactites que encontrei na Gruta da Fumaça. Um gotejar longo, que arrastara a terra, desenhando cores terrosas no ar. O ensaio, composto por uma série de dez fotografias, é parte de um trabalho maior que reúne registros de formações geológicas feitas entre os anos de 2017 e 2020.

Camila Alba é fotógrafa, arquiteta e artista visual radicada em Florianópolis. Utiliza a fotografia como ferramenta de expressão desde a adolescência, quando descobriu que a Cyber Shot da família podia fazer mais do que retratos. Atualmente, dedica-se à fotografia de arquitetura e desenvolve projetos autorais por meio da fotografia digital e analógica.

"Penso que a primeira vez que me dei conta da possibilidade de mirar a câmera para além dos registros familiares foi justamente na Serra do Rio do Rastro, lugar onde algumas das imagens que compõem este ensaio do Sem Nome foram feitas. Anos mais tarde, em 2016, viajei ao sul da Argentina e em três dias pela Patagônia fiz mais de mil fotos. Lembro da emoção que senti ao imergir em uma paisagem feita toda da mesma materialidade: gelo. A partir de então, dediquei-me a investigar texturas, geografias e materiais. O ensaio “Movimentos Telúricos” é fruto desse processo. Diz-se telúrico o que é relativo à terra ou ao solo. Movimentos telúricos também balançam o mar. Sempre ouvi em telúrico, porém, um tilintar que me remete a água. Descobri então que chamam-se telúricos os movimentos internos da Terra, aqueles que originam terremotos e tsunamis - as ondas altas que invadem continentes, arrastando tudo o que encontram diante delas. Um gotejar longo, que arrastara a terra, desenhando cores terrosas no ar.

Danilo Zamboni

A Caminho do Mar . Danilo Zamboni

"Algumas situações sempre me fascinaram antes mesmo de entender porquê. Uma delas é a imensidão das paisagens e da natureza; essa beleza contemplativa e seu poder de imersão que altera a passagem do tempo e a noção de realidade. Outra é o fantástico, que deriva dessa primeira experiência, mas introduz um fator de conflito entre o sujeito e seu contexto; cenas corriqueiras e até banais que de repente apresentam algo fora de lugar, seja pelo tamanho, seja pela época ou pela origem, algo deslocado, capazes de gerar grande estranhamento no observador. Gosto de pensar que tudo isso só é possível com a criação de atmosferas e narrativas, sendo esse o foco meu trabalho".

O que vale para as ilustrações, também vale para as fotografias. Foi Marina quem chamou a nossa atenção para a convergência entre um trabalho e outro. Ela tinha razão. Assim como nas ilustrações, a produção fotográfica de Danilo Zamboni combina a imensidão das paisagens e a contemplação da natureza com a construção de atmosferas da ordem do fantástico. Trata-se de um olhar singular e de um deslocamento sutil, algumas vezes produzido pelas cores, outras vezes pelo enquadramento ou fotometria adotada. São cavalos que fazem as vezes de unicórnios. São nevoeiros e neblinas vermelho-azuladas que nos convidam a embarcar em terras desconhecidas. São detalhes fora do lugar que fascinam e convidam o espectador a explorar narrativas possíveis. O ensaio ‘a caminho do mar’, composto por dez fotografias analogicas, coloridas, apresenta uma pequena amostragem do amplo acervo fotográfico de Danilo Zamboni.

Danilo Zamboni é arquiteto formado pela FAU-USP (2010) e trabalha como ilustrador, fazendo desenhos e perspectivas para apresentação de projetos de arquitetura. Paralelamente, desenvolve seu trabalho artístico autoral, com pinturas, aquarelas e desenhos com grafite e nanquim, sendo a fotografia parte importante da pesquisa do olhar.

"Algumas situações sempre me fascinaram antes mesmo de entender porquê. Uma delas é a imensidão das paisagens e da natureza; essa beleza contemplativa e seu poder de imersão que altera a passagem do tempo e a noção de realidade. Outra é o fantástico, que deriva dessa primeira experiência, mas introduz um fator de conflito entre o sujeito e seu contexto; cenas corriqueiras e até banais que de repente apresentam algo fora de lugar, seja pelo tamanho, seja pela época ou pela origem, algo deslocado, capazes de gerar grande estranhamento no observador. Gosto de pensar que tudo isso só é possível com a criação de atmosferas e narrativas, sendo esse o foco meu trabalho". O que vale para as ilustrações, também vale para as fotografias. O ensaio ‘a caminho do mar’, realizado em parceria com o Espaço Sem Nome, é composto por dez fotografias analogicas, coloridas que operam entre o fantástico e a imensidão da paisagem.