Pedro Bonacina

Coleção 2 . Dezembro 2020

Pedro Bonacina estudou fotografia na London College of Communication com foco em projetos autorais. Essa rota foi alterada por sua entrada no universo da moda e publicidade como assistente de Bob Wolfenson, o que definiu sua especialidade e atuação nessas áreas. Já fotografou para marcas como Natura, MTV, Suzuki, entre outras. No entanto, a mudança de rota não o impediu de manter sua câmera analógica sempre por perto. Ainda resiste um "wannabe" Eggleston por ali.

"Eu tenho certa mania de organização, antes de iniciar qualquer coisa eu preciso “por a casa em ordem”. Mesmo que isso aconteça só na minha cabeça. É meu ponto de partida. Uma necessidade". Ele queria ser jogador de futebol mas virou fotógrafo. Tinha mania de organização e adorava caminhar pelos bairros onde morou, pelas cidades que conheceu. Ainda adolescente, pôs-se a organizar no visor de sua Minolta a bagunça ao redor. Calçadas, almofadas, entulhos, outdoors, a xepa da feira. Tapete, portas coloridas, carrinho de supermercado. Com um olhar quase metódico, Pedro opera a câmera segundo uma lógica própria e surpreendentemente harmônica. Sem intervir na cena reorganiza a matéria enquadrada no 2x3 da fotografia. O grande interesse do trabalho de Pedro é o “quase” do metódico do olhar. Pois não se trata de uma organização óbvia. Se observarmos suas fotos individualmente ou sem a devida atenção, elas podem parecer observações cotidianas incidentais. Mas ao nos debruçarmos sobre elas vemos formas, cores, texturas, massas, volumes todos eles rigorosamente esquadrinhados na composição. Jocosamente inspirado pelo pioneiro da fotografia colorida William Eggleston, o ensaio “Eu queria ser W. Eggleston” , de Pedro Bonacina em parceria com o Espaço Sem Nome, combina a tentativa vã e incessante de organização com o cultivo de um impulso juvenil, produzindo despretensiosamente imagens potentes e bastante pessoais.