Coleção 9. Dezembro 2024

Júlio Tavares & Lorena Ribeiro

Ensaios de Dezembro, 2024
The travelling eye . Júlio Tavares
Sonhos de capim . Lorena Ribeiro

Júlio Tavares

The travelling eye . Júlio Tavares

Estudar “fotografia à moda antiga”, anos depois, para dar suporte analógico àquilo que reverbera dentro de mim. Por muito tempo, o visto, ouvido e vivido parecia lindo apenas ao meu olhar. Fotogramas tão íntimos. A beleza encontrada na vida vivida. Pouco a pouco, a fotografia analógica tomou um espaço e um significado diferentes… um arquivo pessoal, de momentos capturados, meus pequenos achados poéticos. 

Eu acredito que nunca perdi certa curiosidade de criança. Atento ao mundo, meu olhar era e (até hoje é) capturado pelos personagens que me atravessam. Roupas, gestos, posturas corporais me capturam e são por mim capturados. Olhar, ouvir e saber o contexto, muitas vezes se mostrou interessante, mas, percebi que, para mim, é ainda mais interessante imaginar uma história. Criar narrativas inventadas sempre me fascinou.
Quando eu, Julio, viajo, levo a minha câmera e pelo menos dois rolos de filme. Geralmente começo a fotografar uma cidade após um reconhecimento de área… após ter, no mínimo, andado algumas vezes por ela. Penso que a  interação entre pessoas e cidade é um ponto de partida, mas para além disso as pessoas em si tem um peso maior na minha narrativa. É o que busco. É o que me para e o que me move.

Nascido em Belém/PA, Júlio Tavares é formado em Publicidade e Propaganda, com pós-graduado em Fotografia pelo Senac (SP) e pela escola de artes Parsons The New School for Design em NY. Trabalha como fotógrafo há 14 anos e atua prioritariamente na área de moda, portrait e backstage. Já participou de exposições em Belém, São Paulo, Buenos Aires e Nova York, tendo trabalhos publicados em revistas como "Relance" (Portugal), “Instinct Magazine” (EUA), "Bravo", "Marie Claire"  e “Vogue Joias” (Brasil).

 

Lorena Ribeiro

Sonhos de capim . Lorena Ribeiro

Minha filha ainda não disse nada sobre a história que contei, seu
rosto redondo banhado pela luz suave de Fobos, uma das luas dúplices que
orbitam o planeta. É raro ver ambas ao mesmo tempo, Deimos se esconde em
pontos cegos no espaço — mas nada disso passa por sua mente.
Virando-se para mim, sua voz pequena questiona:
— O que são “pássaros”?
*Lorena Ribeiro, O vazio do céu.

Banhada pela luz suave de Fobos, uma mãe conta sua história para a filha. História vivida ou sonhada?
Estamos em um território liminar, sem saber se somos o homem que fala com os lobos ou a jovem que adentra entre as pedras — barreiras ou portais? Uma árvore repleta de promessas nos aguarda, sapatos em flor. Reino das cores e do preto e branco, prenhe de brechas. Pontos cegos no espaço e vazios na narrativa visual de Lorena Ribeiro nos convocam a ir além da imagem e da palavra.
Em “Sonhos de capim”, não temos apenas um ensaio ou uma sequência de fotografias; temos um convite para mergulhar em narrativas distópicas possíveis. Conjugando a mesma matéria de seus poemas e contos, Lorena Ribeiro nos convida a explorar nossos próprios repertórios e preencher as lacunas dessa jornada.

Nasci em 1988, na cidade de São Paulo. Atuo na área do Audiovisual há 15 anos, com ênfase em pós-produção e roteiro. Sou graduanda em Geografia, onde pesquiso questões ambientais. Quando não estou escrevendo ficção, gosto de passar o tempo livre no mato e fotografando. Publiquei contos e poemas.